sábado, 6 de julho de 2013 0 comentários

Photographie

Ela tinha o dom de transformar
Transformava vida em imagem
Transformava imagem em poesia 
Fazia da vida uma poesia 
E poeticamente vivia.

C’est une photographie." - ela dizia
Mas eu só via amor
E beleza
E amor de novo, se alternando numa sinfonia
Era tão adorável que parecia francesa.

Ela tinha o dom de transformar
Transformava a vida em imagem
Transformava o simples em obra de arte
Fazia da vida uma obra de arte
E artisticamente vivia.
sábado, 18 de maio de 2013 1 comentários

L'amour

Se quando chegares em casa
Eu estiver chorando
Por favor, se apresse!
Se apresse em dizer
Que estou linda
Que gostas de meu cabelo
Que amas meus olhos
Que só param nos teus.

Se quando chegares
Eu estiver aos prantos
Diga-me que teu amor és
Só e somente meu,
Que ninguém nunca fará
O que faço por ti
Com tanto amor.

Mas se quando chegares
Eu estiver a sorrir
Radiante
Lembre-se:
Se meu riso a alguém pertence
Pertence, meu amor
Só e somente a ti.
domingo, 12 de maio de 2013 0 comentários

Despedida


Por mais belos que sejam os meus horizontes
O amor do mar me chama.
Por mais que eu saiba que o tempo nada cura
É de tempo que preciso para me remediar.
Por mais que tênues sejam as linhas da vida tão dura
Elas ainda conseguem me separar.
Por mais que os caminhos sejam distantes
Distância se perde quando se ama.

Ah, que saudade sentirei!

Por mais inconstantes que sejam alguns amores
É preciso saber se entregar.
Por mais longas que sejam algumas noites
O sol sempre aparecerá.
Por mais que destrutivas sejam as dores
O destino sempre está disposto a recompensar.

Ah, que saudade sentirei!

Por mais infinito que seja o Universo
Finita é a vida, passageira e singular.
Por mais árdua que seja a caminhada
Pra quem almeja a alegria, ela transbordará.
Por mais que eu faça do mundo um verso
Só quando deixo-o em silêncio consigo o recriar.

Ah, eu logo voltarei!





domingo, 23 de dezembro de 2012 0 comentários

Sem Título



Prego o amor tal como um pastor
Em busca de novos fiéis.
Eu vejo na dor o principal fator
Para nossa constante troca de papéis.

Ruas imundas de solidão,
Corpos inertes espalhados pelo chão.
Onde sua vida foi parar?
A indiferença como esmola,
Com a piedade eu faço escola.
Você vê mas não consegue enxergar.

Leio a vida nas entrelinhas,
Escrevo capitulos inteiros sobre confusão.
E todas as coisas que julgo serem minhas
Acabam partindo sem nenhuma razão.

Palavras são a minha maior riqueza,
Sou fruto de minha própria natureza.
Onde você vai se enterrar?
Peço liberdade como esmola
Para uma sociedade que me amola,
Me cobrando valores que nem são meus.
domingo, 16 de dezembro de 2012 0 comentários

Passarinho


Sou passarinho
Não na condição que eu queria, é verdade
Mas ainda sou passarinho.
Nada de liberdade, nada de bater de asas;
Só gaiola, alpiste e melancolia.
Na minha casa é proibido cantar,
Acho que sou barulhento demais para donos que gostam de silêncio.
Sou passarinho assim,
Às vezes sirvo para enfeitar, mostrar aos amigos deles
"Ei, olhe como meu passarinho é lindo."

Alimentam-me, é verdade
Porém não parecem me desejar, nada de afeto.
Dão-me alpiste como se ele suprisse tudo,
Dão me água e casa
Mas casa não é lar, acho que eles não sabem disso.
Gaiola não é abrigo, gaiola é prisão.
Eles dizem que é melhor para mim que seja assim,
Lá fora pode ser muito cruel,
Dizem que é para o meu bem.

Porém ninguém me perguntou o que eu quero,
O que afinal me faz bem
Mas só eu sei.
Oprimem o meu canto
Mesmo sabendo que eu, como passarinho que sou, devo cantar,
É de minha natureza.
Eu juro, um dia desses fujo da gaiola,
Voarei para onde eu quiser, no tempo que achar necessário.
Vou para todos os lugares que sempre quis,
Vou cantar dia e noite.
Vou ser livre, como todos os passarinhos devem ser.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012 0 comentários

Tragédia Existencial



   Eu nunca fui uma garota comum e só agora, depois de anos, que fui descobrir o porquê. Sempre me senti excluída, diferente, deslocada no meio das pessoas. Sempre me senti profunda demais diante do mundo raso  em que eu vivi e ainda vivo. Sempre tive dificuldade em me adequar, em me enturmar e seguir padrões irritantemente impostos pela sociedade em geral. Sempre tive dificuldade em pedir ajuda a quem me cercava, pessoas que naturalmente deveriam me ajudar/amparar nunca tomaram conhecimento do que eu precisava. Eu nunca falava aos outros como eu realmente me sentia, só fingia sorrisos e cultivava uma "pseudofelicidade" angustiante. No fim das contas, deu certo. Ninguém nunca percebeu durante esse tempo todo.
   Sempre fui carente, sensível e por vezes, muito estranha, até pra mim mesma. Por mais que eu soubesse que eu não estava sozinha e que alguém em algum lugar gostava de mim, eu sentia o oposto e me deixava consumir pela tristeza infinda que parecia se multiplicar principalmente antes de eu ir dormir. Distúrbios do sono sempre foram "a minha praia" também - ora por medo de dormir, ora por querer dormir como se não houvesse amanhã - uma droga! Fora os constantes pesadelos...
   Depois de muito tempo eu conheci alguém que parecia me entender, que me deixava falar sem me julgar e que ao contrário dos outros, parecia se importar de verdade, me notar e que acima de tudo, queria que eu fosse feliz, assim como todos merecem ser. E eu o perdi. Ele, que me dava tantos conselhos e que me dizia para ser forte e brigar pela minha felicidade, não aguentou a pressão do mundo e se foi. Ele terminou com uma bala na cabeça, bala que ele mesmo colocou. Eu o perdi, pra sempre.
   Sem alicerce novamente, lá estava eu, procurando um sentido para a minha existência. Um motivo decente para que eu estivesse nesse mundo, já que tudo parecia fútil demais, as pessoas, os propósitos, o caminho. Passei a ver as pessoas como ovelhas, sempre esperando a próxima ordem do seu pastor. Me perdoem, eu nunca quis ser uma ovelha. Eu sempre estive pensando, o tempo inteiro. Cada minuto de silêncio meu significou um minuto conhecendo a mim mesmo, viajando pela essência do meu ser e pela tragédia da minha ordinária vida. Aliás, acho que a grande tragédia da minha existência é muito pensar e nada conseguir fazer. Sei todas as respostas e nunca as uso, não consigo e isso sim, é trágico.
   Minha vida está começando e temo ficar louca um dia. Meus pensamentos são mais do que eu consigo aguentar, é a criação matando a criadora aos poucos. "Penso, logo existo."? Droga, Descartes! Queria eu que minha filosofia fosse essa. Mas eu penso, logo questiono SE eu de fato existo, logo me perco na minha própria existência, logo fico louca... Ou quem sabe, definitivamente depressiva.
domingo, 4 de novembro de 2012 0 comentários

Despede-se com o sol



  O Sol se despedia enquanto dezenas de pessoas o assistiam ir lentamente. Parei para pensar nesse trajeto diário do Sol, nessa rotina interminável de ir e vir todos os dias e no fato de nós muitas vezes nem darmos importância a isso. Estávamos ali esperando o anoitecer, a brisa do mar tocava nossos rostos e eu sentia braços ligeiramente trêmulos me envolvendo com uma ponta de desespero, eu diria. O Sol ia embora e parecia me levar aos pouquinhos, o clima era de despedida e apesar da melancolia no ar, eu sorria. Uma mistura de sensações e sentimentos que me deixaram inerte, atônita.
  Pensei em cada pôr-do-sol que perdi, em cada vez que deixei de ver aquele belo espetáculo. Era a primeira vez que eu via isso, assim, com alguém do meu lado. Também era a primeira vez que eu me sentia tão bem guardada em alguém, leve que só. Mantive meus olhos fechados por alguns segundos, só para deixar cada um dos outros sentidos trabalhar. Minha audição captava vozes, sussurros, como os de alguém que não quer atrapalhar um filme bom ao fazer um comentário fora de hora. Meu tato registrava cada centímetro da pele lisa e macia dos braços de quem agora me apertava contra o corpo, como se não quisesse me soltar para partir. Sentia no paladar um gosto agridoce, um gosto que eu ainda não conhecia. No meu olfato, "cheiro de mar", cheiro que eu adoro, aroma de vida boa, sabe? Mas ao mesmo tempo eu sentia um perfume doce no ar, "cheiro de amor", assim o defini.
  Abri os olhos, o Sol já estava quase indo embora de vez, esse era o seu último adeus. Essa era a hora em que o Sol nos deixaria para brilhar para outras pessoas, em outros lugares. Mesmo sabendo que ele voltaria logo, aquilo era uma despedida e depois de um dia inteiro achando "natural demais" o ter brilhando sobre nós, agora percebia a importância que ele tivera nas horas em que esteve ali. Tal como o Sol naquele momento, pensei em tantas as vezes que percebi a importância de algo apenas quando ela já estava partindo e quase chorei.
   Fechei os olhos por um instante e ouvi alguém dizer baixinho ao pé do meu ouvido: "Eu te amo muito." Senti um misto de felicidade e dor, tristeza inevitável. Retribui as palavras, exteriorizando o amor que eu também sentia e apertei, apertei com força aquele alguém que fazia eu me sentir assim, viva. "Obrigada por isso." eu disse baixinho. Então ouvi palmas, o público aplaudindo ao fim daquele espetáculo, o Sol se foi. Eu estava indo junto com ele, mas assim como o Sol eu voltaria também, logo.
domingo, 16 de setembro de 2012 0 comentários

Eu prometo...

  Infelizmente não prometo que nunca vou te magoar. Não prometo que nunca vou ser a primeira a iniciar uma discussão. Não te prometo que vou estar sendo dentro de suas expectativas. Na verdade, eu não posso te prometer tudo o que eu queria, posso prometer apenas o suficiente, só o que posso cumprir. Só posso te prometer o que sei que pode te fazer feliz.

  Prometo ser chão sob seus pés, paredes para te apoiar. Não serei teto para lhe impedir de ver as estrelas. Prometo ser janela com vista para o horizonte, sem grades, para não lhe prender. Prometo ser porta aberta, sem trancas ou cadeados; Não serei muro, pois muro separa e eu quero ser o que te une.
  Prometo ser lençol bagunçado, café na cama, retrato bonito na estante. Prometo ser bilhete fofo na geladeira, seu prato preferido, sua camisa feita de vestido, beijo de boa noite e declaração de amor.
  Prometo ser riso sem motivo, abraço apertado, ombro amigo, cheiro de perfume no travesseiro e banho a dois. Prometo ser beijo na chuva, viagem sem destino, ficar horas olhando o céu estrelado.

  Prometo ser seu começo e meio, mas nunca quero ser o seu fim. Quero ser o Yang do seu Yin. Prometo ser calmaria na turbulência, mãos ao redor do seu corpo para dormir.

  Prometo cuidar de você, te fazer sorrir, dar o melhor de mim.
  Prometo te amar.
terça-feira, 31 de julho de 2012 0 comentários

The Sound Of Silence


    O silêncio cresce como câncer. Me calei.
   (...) Senti o aperto de dois nós, um na garganta e um no coração. Me perdi em mim mesma. Fui escrever. É mais fácil para mim escrever quando me perco, me encontro melhor em meio a palavras.
 "Hello darkness, my old friend. I've come to talk with you again..." são os versos que vagam emaranhados entre meus pensamentos confusos e distantes enquanto eu procuro as melhores frases na minha bagunça sentimental.
  Deitada, abraço o caderno de folhas rabiscadas com versos vagos, incomplementáveis se postos juntos. As palavras que faziam todo sentido antes de eu pegar a caneta agora já não fazem sentido algum e eu odeio quando isso acontece, confesso. É como se eu não soubesse usar a minha válvula de escape... Impotência. Impotência diante de mim mesma, perda de controle próprio, confusão.
  Vou dormir. Odeio não conseguir dormir, odeio fechar os olhos e não conseguir pegar no sono. Impotência de novo. Fico parada, olhando o teto e suas formas sombrias que se mostram durante a madrugada, seria assustador se eu pudesse me concentrar nisso, mas não, fico inerte e sem montar qualquer tipo de pensamento linear. Ouço o som tocar, o som do silêncio.
  Ninguém ousou perturbar o som do silêncio.

terça-feira, 3 de julho de 2012 0 comentários

Figuras de Linguagem do Amor



Toc-toc. Eis que alguém bate à porta de meu coração.
Quem seria a uma hora dessas? Num clima desses? Seria alguém procurando abrigo?
O céu está apagado, cinza, triste, morto. Tudo parece triste.
Quem seria a essa hora?

Abri para alguém, alguém frágil apesar de aparentar certa força.
Alguém fortemente frágil, se é que isso é possível.
Tinha olhos grandes, negros e brilhantes, lindos olhos.
Deixei entrar. Abrigo, lhe ofereci.

E aquele alguém que até então era desconhecido, íntimo se tornou.
E meu coração que estava vazio tal como um palco de teatro quando a peça termina,
Agora tinha um espetáculo novo em cartaz.
Coração sortudo.

Boom! Foi como uma explosão e saiu de mim, o coração.
Agora colorido com cores cintilantes que cintilavam sem parar.
E até o céu que estava triste também pôs-se a cintilar. Colorido.
Doce aroma de sua voz.

Sinestesia. Meus sentidos confusos. Tato, olfato, paladar, todos juntos, embaralhados.
Antítese de amor. Dor de amor que não dói. Choro de felicidade.
Eufemismo. Não, o amor não é eufêmico. Amor é hipérbole, sempre.
Estou morrendo de amor.

Bang! Bang! Me acertou em cheio. Me acrescentou, me completou, me dominou.
Coração não consegue parar de sorrir, de orelha a orelha.
E agora bebe no mínimo um copo de amor por dia, cheio.
Coração habitado.

Figuras de amor. Amor seu.
 
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